ENTREVISTA: As sequelas da Covid-19 também afetam os Hospitais? O ortopedista-traumatologista Jorge Petros diretor médico do Hospital Tijutrauma responde

Enquanto muitos brasileiros esperam a vacinação em massa para começar a respirar com um pouco mais de tranquilidade em meio ao caos provocado pela Covid-19, outros ainda têm um longo caminho para se recuperar das sequelas deixadas pela doença.

Os Hospitais, por exemplo, que sofrem impactos cada vez mais severos e difíceis de serem superados.

ACCOERJ: Doutor Petros, é isso, mesmo?

Petros: Com certeza… Assim como outros setores da economia. Aplicação de muito dinheiro em investimentos não previstos, tipo treinamento para garantir a segurança das equipes, nos insumos que chegaram a triplicar de valor, seja pela alta do dólar ou pela lei da oferta e procura, na adequação de toda a estrutura física dos Hospitais, etc. Sem contar, que os profissionais de saúde do grupo de risco ou contaminados pela Covid-19 se afastaram de suas funções. Enfim, um rombo sem tamanho no caixa das instituições de saúde.

ACCOERJ: O número de consultas e exames diminuiu?

Petros: Consideravelmente… Muitos pacientes com o medo da doença deixaram de acompanhar seus exames e adiaram o atendimento. A maioria das cirurgias eletivas também foi suspensa e a superlotação de leitos para Covid-19 agravaram ainda mais o prejuízo dos Hospitais massacrados duramente pela economia.

ACCOERJ: Diante do caos instalado o senhor vê uma luz no fim do túnel?

Petros: No momento, não sei responder… Quando e como recuperar essas perdas financeiras, ainda não sabemos, ainda mais diante do surgimento destas novas cepas cada vez mais contagiosas e agressivas que vêm castigando a população. Equipes de saúde desfalcadas, leitos clínicos e de UTI com 100% de ocupação, pronto atendimento atendendo com restrições ou fechado, sinceramente o que eu vejo agora são impactos cada vez mais severos e difíceis de serem superados. É lamentável…

ACCOERJ: Mas os Hospitais não podem parar, não é mesmo? Como e o quê fazer?

Petros: Sim, não podem parar… Em meio a todo esse caos da Pandemia estamos tentando nos adaptar à nova realidade e inovar em curto prazo.  Mesmo pressionados, tanto pela população que precisa de atendimento de qualidade e pelos profissionais de saúde esgotados, após um ano e meio de trabalho duro quanto pelo poder público, para aumentar o número de leitos onde muitas das vezes não se tem espaço e, muito menos, mão de obra com a capacitação necessária para realizar o atendimento em uma unidade intensiva.

A Pandemia da Covid-19 vai passar e, claro que ainda vamos sofrer com suas sequelas por um bom tempo, mas vamos sobreviver. Não tenho dúvidas disso!