O advogado Lymark Kamaroff responde.
Esta questão apresenta diversos questionamentos, mas dentro da minha visão o pior que pode acontecer é exatamente quando a questão financeira se sobrepõe ao tratamento, colocando em risco a relação médico-paciente.
Penso que as discussões sobre formas de pagamento de honorários médicos devem, necessariamente, passar pela satisfação do paciente, revertendo os índices de desconfiança que encarecem a Medicina, tornando-a cada vez mais defensiva.
Tipos de “pacotes financeiros”
“Fee for service” – Modalidade caracterizada pela individualidade dos pagamentos de acordo com o trabalho realizado pelo médico. Ou seja: Quanto mais ele trabalhar mais irá receber.
A crítica a esta metodologia é que não se leva em consideração a qualidade do trabalho realizado pelo médico e nem a sua qualificação profissional.
“Pagamento por performance” – Prioriza a qualificação do médico e não a sua quantidade e a consequente melhora na qualidade do atendimento que, em tese, iria reduzir o valor gasto no tratamento.
As críticas a este modelo são bem mais contundentes, na medida, que se entende que este pagamento é discriminatório, pois, em tese, estaria se criando um ranking entre os médicos. Pior, poderia “forçar” algum deles a “pular” alguma etapa do processo de investigação diagnóstica, para que seus honorários não fossem prejudicados.
“Pacotes de tratamentos” – Já esta modalidade tenta, em minha opinião, junta o melhor dos dois mundos: a performance e a quantidade de serviços, servindo de base para a remuneração dos médicos.
Contudo, na realidade não é isso o que acontece. A percepção dos médicos forma que os Pacotes limitaram os seus pagamentos e engessaram as formas de trabalho dentro de uma sistemática imposta por quem está pagando.
“Pacotes financeiros” interferem na relação médico-paciente?
O médico pela qualificação que tem e todo um trabalho sempre focado na satisfação do paciente deve ser muito bem remunerado.
Quanto maior for essa satisfação evidente que o médico terá chances bem menores de responder a um processo, além de diminuir o índice de segunda e terceira opinião sobre o mesmo fato, de solicitação de exames de confirmação, etc..
Enfim, o custo do tratamento médico certamente irá reduzir e assim sobrará dinheiro para melhor remuneração.
Portanto, caro internauta, diante das formas de pagamentos mencionadas, me preocupa o fato de ser esquecida ou retirada da equação a importância da relação médico-paciente e também a percepção na qualidade do trabalho do médico pelo paciente.
Até breve!
Lymark Kamaroff – Advogado / Assessor jurídico da ACCOERJ