JURÍDICO: O paciente do século XXI

A Medicina e os pacientes mudaram com o advento da internet? Confira a opinião do advogado Lymark Kamaroff assessor jurídico da ACCOERJ.

Acredito que nem uma coisa e nem outra… A partir da metade dos anos 90, a internet foi a responsável por transformar a sociedade. O cotidiano mudou a forma como as pessoas passaram a consumir informação, cultura, serviços, produtos, entretenimento e conhecimento. A partir do surgimento dos primeiros robôs cirurgiões, em 1998, é que a internet trouxe diversas modificações para a área da saúde ao longo de sua história. Tanto na forma como os médicos se relacionam com os pacientes e vice versa quanto na própria gestão dessas instituições. Sem dúvida, que essa relação trouxe avanços significativos para a qualidade de vida da população.

O avanço da tecnologia mudou a Medicina?

A principal mudança ocorreu com o compartilhamento do conhecimento, que antes era segregado aos bancos das Faculdades e aos livros técnicos e eruditos. Com o advento da internet a Medicina, além de ganhar nova vida e acessibilidade, avançou na educação e nas pesquisas, facilitou a conexão entre professores e alunos nas pesquisas e, sem dúvida, ajuda a aprender com mais facilidade e proporciona conhecimento mais abrangente. Hoje, todos sabem um pouco sobre tudo, graças ao oráculo do século XXI.

Além disso, é possível entender que a tecnologia na Medicina tem favorecido e muito a obtenção de diagnósticos e a realização de procedimentos com maior segurança e precisão. Isso reduz a possibilidade de erros e aumenta as chances de cura dos pacientes, mesmo em situações mais graves.

Google

E o “Dr. Google” e seus bilhões de pacientes?

É muito comum nos dias de hoje o paciente pesquisar bastante sobre o procedimento antes de ir ao médico. Geralmente ele chega ao consultório com o diagnóstico já pronto em busca apenas de uma confirmação. E mais: Disposto a testar e aprovar (ou não) o especialista. Segundo o paciente “terá o trabalho apenas de validar a pesquisa feita no “Dr. Google” e não adianta o médico reclamar”. Sem dúvida, que a profissão está longe, bem longe, de ser questionada, mas costumo dizer que é um caminho sem volta.

Na realidade, muitas pessoas leigas valem-se da pesquisa na internet para entender melhor algumas doenças e recorrem ao profissional para emitir apenas a segunda opinião. Nessas horas de incertezas, é muito importante que o paciente cada vez mais impaciente, intolerante e “cheio de razão” perceba que existem mais pessoas falando a mesma coisa e passando pelo mesmo problema e que, portanto, o fundamental é se cuidar. Nada melhor do que uma boa conversa na rede para isso, não é mesmo?

Infelizmente, o problema deste paciente é a sua incapacidade de compreensão. Na maioria das vezes ele simplesmente não aceita ou não escuta e questiona o especialista ao explicar as limitações de determinado procedimento que ele deseja e, principalmente, dos riscos agregados àquela conduta médica.

Como ajudar o médico em situações conflituosas

Destaco dois fatores fundamentais e cruciais:

Critério de seleção do seu paciente;

Documentação de segurança;

Isto porque o médico tem o direito de NEGAR o paciente que não queira seguir o tratamento tal qual ele fora prescrito ou mesmo que não queira chegar a um consenso. Obviamente, estou resguardando os casos de urgência e emergência, onde o médico deve atuar dentro dos princípios bioéticos da beneficência e não maleficência em prol do bem estar do paciente.

Vale ressaltar, quando o paciente está em pleno uso de sua autonomia de vontade, o médico também tem o direito de “selecionar o risco” e pelo seu bem emocional, mental e financeiro, dizer NÃO àquele paciente que só quer criar problema.

Mesmo assim, para concluir, alguns profissionais ainda passam deste critério de seleção mais apurado. Aí, caro internauta, neste caso apenas a documentação médica bem feita e aplicada ao caso concreto poderá ajudar no momento necessário e oportuno.

Até a próxima. Um abraço.